A revolução no mundo pet, visivelmente sentida nos últimos anos no Brasil, leva a muita reflexão sobre o assunto. Se pararmos para pensar um pouco, há não muito tempo atrás, cães eram criados para serem mantidos no quintal, e o máximo que recebiam era a comida (restos de comida humana) e água necessários para a sobrevivência e vacina anual contra raiva (quando eram vancinados...).
A realidade hoje em dia tem se mostrado muito diferente: o Brasil é o segundo mercado pet do mundo, perdendo só para os Estados Unidos. E o consumismo que advém desta revolução é evidente, conforme bem destacado por reportagem da Revista Época.
Assim, surgem duas questões: como explicar tamanho apego das pessoas pelos seus animais? E mais: até que ponto tantos "mimos" fazem bem ao cão?
Quanto à primeira pergunta, tenho a impressão de que os pets que vivem com seus donos nas grandes cidades convivem muito mais de perto com as famílias do que antigamente. E isto acontece principalmente nos grandes centros, com a verticalização das residências. Muito mais pessoas moram em apartamentos e o dia a dia ao lado de seu bicho de estimação se tornou algo muito diferente: a presença do cão ou de outro pet é notada o tempo todo, ele está ali, demanda espaço e cuidados para que a convivência seja boa.
Esta realidade é um pouco diferente no interior do país, onde é mais raro encontrar cães que vivem de forma tão próxima e com a vida cheia de mimos. Ali ainda impera o pensamento de que cão é para ser criado no quintal, bastando levar comida uma vez por dia para que ele seja feliz.
Além disso, o pensamento coletivo acerca de animais de estimação mudou muito. As pessoas tem prestado mais atenção nas necessidades de seus pets e a consciência de que estes necessitam de cuidados aumentou bastante (evidentemente que ainda há muito a ser feito, pois muita, mas muita gente mesmo, ainda compra animais por impulso, abandona seus bichos, não cuida de forma responsável, etc).
Quanto aos excessos, aí vemos o outro lado da moeda: um cão não precisa, não dá a mínima, para um casaco de couro de R$ 1.200,00. Aliás, é muito provável que ele deteste o casaco, que vai esquentá-lo, incomodá-lo. Tosas elaboradas, onde o cão sai todo pintado, também são um exagero. Perfumes para cães são um item que abomino: isto equivale a "cegar" o cão, que se guia basicamente pelo olfato! Quem nunca viu um cão sair do pet shop todo perfumado, mas espirrando sem parar?!?!
O essencial é que o cão seja criado como cão, pois, apesar de ser um animal doméstico, é diferente de nós. A humanização dos cães pode gerar problemas comportamentais graves, como ansiedade de separação, agressividade dirigida a pessoas, medo excessivo de outros cães (o que é muitas vezes evitado com uma boa socialização), etc.
Para um cão ter uma vida feliz ele precisa, basciamente, de: alimentação equilibrada, socialização com outros cães e pessoas, passeios e atividades que lhe permitam explorar o mundo exterior, brincadeiras e interações com seus donos e atenção! Sim, atenção é importante, pois o cão é um animal social e sentir-se inserido na família com a qual convive é o que fará o peludo mais feliz!