quarta-feira, 11 de maio de 2011

Mitos e verdades sobre comportamento canino

Em todos os âmbitos da vida cotidiana das pessoas, há paradigmas que permanecem inalterados por anos a fio, sem que se saiba ao certo sua origem e cujos embasamentos podem ser totalmente distorcidos.

No que diz respeito ao comportamento dos queridos amigos peludos, a situação não é diferente. Muito pelo contrário: há “verdades” que passam de geração para geração e consistem em ideias distorcidas sobre as reações e atitudes dos cães.


Assim, vamos analisar alguns dos “mitos” mais famosos:

- cães são daltônicos: essa afirmação é clássica. Na verdade, a distinção das cores é menos detalhada para os cães do que para os humanos, que possuem três cones fotorreceptores de detalhes e cores, enquanto os cães possuem somente dois. A diferença, portanto, é que os cães não distinguem uma grande variedade de cores, somente as mais intensas e também em contraste com outras;

- cães sabem que erraram, pois ficam com olhar de “culpa” quando fazem algo errado: não, ele não tem consciência de que ter roído o pé do sofá caríssimo está errado e por isso faz aquela cara quando o dono chega! Na verdade, o cão, excelente observador das reações humanas, percebe as alterações faciais do dono e sabe que, depois do levantamento de sobrancelhas, boca aberta em sinal de espanto, virão gritos e broncas! Eles não conseguem associar o que fizeram há horas (ou mesmo minutos antes) com a reação do dono quando descobre a "arte";

- cães destroem objetos do dono por “birra” quando ficam sozinhos: não, eles não roem o controle remoto da TV, o sapato ou a revista por terem raiva do dono e programam, então, uma vingança. Os cães, na verdade, ao sentirem-se ansiosos quando estão sozinhos, buscam objetos com o cheiro do dono para sentirem algum conforto e acabam “interagindo” com esses itens;

- cachorros pequenos não precisam de passeio. Todo cão precisa sair de casa, seja qual for o seu tamanho! Evidentemente que não há necessidade de caminhadas intensas e longas para um cão pequeno e calmo, como é necessário para um peludo grande e cheio de energia! Mas o passeio não se presta apenas para o cão ter uma atividade física. No passeio, ele tem oportunidade de interagir com outros cães, cheirar as mensagens deixadas pelos “amigos” através da urina e fezes, deixar suas informações, ver outros animais e pessoas, melhorando sua capacidade de sociabilização com o ambiente. Manter um cão dentro de casa achando que é suficiente uma brincadeira com ele de vez em quando equivale a fechar as portas de um mundo cheio de coisas interessantes para o peludo!

- cães não gostam de barulhos de fogos e trovões pois sentem dor nos ouvidos. Apesar de terem uma audição bastante apurada e sensível, para que os cães sentissem dor nos ouvidos diante de um estampido seria necessário que o “estouro” fosse ao lado de sua cabeça! A origem primordial do medo de barulhos é o instinto de proteção. Está no DNA: barulhos assim significam perigo. Cabe a nós, humanos, não reforçar este medo, evitando consolar os peludos, mas sim adotar uma postura confiante e tranquila;

- cães descendem dos lobos: atualmente, as pesquisas científicas dão conta de que o lobo e o cão doméstico descendem de um ancestral comum a ambos. É bem provável que o lobo atual seja bem diferente de seus ancestrais;

- cães são racistas: não, os cães não são racistas. Eles podem ter reações desconfiadas com  pessoas de etnias diferentes em razão da falta de uma boa socialização primária, ou mesmo por algum trauma associadao a pessoas com determinadas características.


Fontes de consulta:

Alexandra Horowitz: “A cabeça do Cachorro”
Alexandre Rossi: “Adestramento Inteligente” 
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2 comentários:

  1. Isso deveria ser beeem mais divulgado :/
    A grande maioria das pessoas do meu curso(Veterinária!) acreditam nesses mitos!!!

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  2. Pois é, Tábata... Exatamente por isso tive a ideia de escrever sobre o assunto! Bjs

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